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Trajetória de sucesso e desenvolvimento americano por meio da cultura de inovação

No último texto para o Nidus Lab conversamos sobre motivação, nele foram elencadas 07 dicas para se manter motivado frente aos diversos desafios e intempéries que se apresentam diariamente na nossa vida pessoal e profissional.

Além de escrever sobre inovação, vida profissional e outros, eu me disponho a viver um pouco isso e passar uma mensagem verdadeira nesses textos. Assim, tomei motivação para fazer uma coisa simples, mas que ficava postergando, que era retomar o hábito de leitura. E tive boas surpresas!

Li rapidamente um romance dos anos 70, de Ken Follet, chamado “O buraco da agulha”, que é um livro realmente bom e um dos primeiros best sellers do autor. Na sequência, ainda motivado, me propus a ler algo mais denso.

Pois bem. Olhei para a estante e o olho bateu no livro “Os Magnatas” de Charles Morris, que há alguns bons anos dorme na prateleira, apesar das frustradas tentativas anteriores de terminá-lo. Recomecei com a meta de ler ao menos 03 páginas por dia.

Toda essa introdução não é para dar ensinamento sobre motivação, mas, sim, para tirar uma lição do livro de Morris, que fala muito sobre inovação e apresenta como o trabalho e inventividade da população americana transformaram os Estados Unidos da América, potência mundial, em um prazo muito curto de história e independência.

O autor percorre o caminho do desenvolvimento da supereconomia americana, dos idos de 1800 até 1900, apresentando os fatores econômicos, culturais, de inovação, crises e contando a história dos maiores nomes do processo de riqueza e industrialização à época: Carnegie, Rockefeller, Jay Gould e J. P. Morgan.

O prefácio do livro já chama atenção: “Não há ranking oficial de país mais poderoso do mundo, mas, por volta de 1895, os Estados Unidos tinham claramente ultrapassado todos os outros”. O detalhe é que a independência americana da Inglaterra ocorreu em 1776! Então, pouco mais de 100 anos, um país novo, praticamente sem indústria, exército ou classe política, saiu de uma colônia para a mais poderosa nação do planeta. 

Certamente não vou conseguir resumir essas grandes obras em um breve artigo, mas de acordo com o autor, as principais causas para esse salto de desenvolvimento foram o ambiente de inovação, educação e liberdade econômica

Abaixo faço alguns recortes, em especial do capítulo chamado “O que fez com que os Estados Unidos fossem diferentes”, para dar um gostinho do que um ambiente inovador e favorável é capaz de fomentar:

“Em uma análise inteligente das causas da onda de crescimento americano, Whitworth sugeriu uma lista que incluía a relativa escassez de trabalho; os grandes recursos naturais do país; a falta de resistência à inovação por parte dos trabalhadores; menor número de barreiras para abrir empresas; e, mais importante, em seu ponto de vista, a alta taxa de alfabetização da população..”

“..Nos Estados Unidos, se resolvessem inventar uma máquina nova, todos os trabalhadores no estabelecimento vão, se possível, ajudar… Mas na Inglaterra era o oposto. Se os trabalhadores pudessem fazer algo para que máquina desse errado, eles fariam”.

“..Veja a trajetória da máquina de fazer coronhas de Blanchard: a rede de aficcionados por máquinas, que espalhou a notícia do que estava sendo feito antes mesmo de ele terminar; a receptividade instantânea de suas ideias e a criação rápida de um projeto de pesquisa e desenvolvimento para criar uma solução de produção completa; a cultura da inovação, com apoio de um processo rápido de obtenção de patentes e amplo licenciamento; a forma como boas ideias irradiavam e interagiam umas com as outras

Esse livro apresenta cada história boa e incrível… Umas delas é que em 1869 o país já contava com uma malha ferroviária plena, conectando todos os rincões do país e fomentando os mais diversos setores industriais. O gado era transportado vivo pelos vagões, no entanto, muitos desses animais morriam no caminho, alguns perdiam muito peso, são os mesmos?, pois poderia por? Outros tinham que ser descarregados e, por vezes, recarregados.

Até que, após alguns testes com câmaras cheias de gelo, um açougueiro chamado Gustavus Swift fez um projeto mecânico de circulação de ar frio, criando o primeiro vagão frigorífico funcional. A partir de então, as carnes eram enviadas já cortadas e embaladas, barateando o frete, de modo a entregar um produto mais seguro e acessível à população. Isso gerou uma cadeia industrial de abate e produção de carne, fomentando empregos, renda e também aumentou o consumo da proteína pela população.

Outra história que me causou grande surpresa, era a de que em 1895, já era possível fazer compras por catálogo dos EUA, com entrega postal em estação ferroviária. O detalhe era que os catálogos de produtos (ao estilo que temos hoje), vinham com garantias de troca e era possível comprar de tudo, de sabonetes, roupas, utensílios até pianos. 

Um dos anúncios da época destacava que quando a encomenda chegasse ao destino, o comprador deveria depositar no banco o valor do bem, e este montante ficaria assegurado ali por 15 dias. Durante este período o item poderia ser testado e examinado em sua casa. Se não achasse ser satisfatório, bastava devolver o produto em qualquer estação com a nota e resgatar o valor do pagamento. Isso em 1985! Imagine que esse tipo de coisa se popularizou no e chegou no Brasil há menos de 25 anos

Depois das várias informações desse texto e um pouquinho do que aprendi com o livro Os Magnatas, de Charles Morris, finalizo com um convite aos leitores para algo algo bem simples: estar mais abertos à inovação. Isso certamente ajuda a construir um ambiente propício para novas ideias, inventividade, propagação de conhecimento, desenvolvimento e geração de renda.