Por que você não está alcançando seus objetivos
Alguns porquês nós mesmos criamos.
EI… já parou pra pensar que no dia da publicação deste texto estamos fechando o 3º mês do ano de 2022?
Já parou pra pensar que há pouco mais de 80 dias você estava cheio de planos, um monte de metas para o ano novo e, neste exato momento você começa a perceber que muitos deles você sequer tocou?
E sabia que essa dificuldade em manter seus objetivos acontece por diversos motivos, e não somente por razões psicológicas?
Por exemplo, está em crise no seu relacionamento (seja ele pessoal ou profissional) e no dia 31 de dezembro você optou por “arrumar” esta situação. Você está 100% comprometido(a) com esse objetivo mas existe outro fator que não tem nada a ver com você: a outra parte (parceiro, parceira, colega de trabalho, chefe…)
Ou talvez outro você queira reiniciar seu antigo hobby de fotografia, mas não consegue comprar equipamentos bons e capazes de atender as necessidades básicas.
Porém, na maioria das vezes o não cumprimento de metas e objetivos tem sim razões pelas quais são psicológicas no sentido de que é uma combinação de pensamentos, crenças e emoções que nos atrapalham.
Veja essa história:
Joana é uma mulher que decidiu mudar completamente seu estilo de vida e se contratou um personal para orientá-la. Nos primeiros 60 dias não falhou nenhum. Estava ela, portanto consistente rumo ao seu objetivo.
Porém, começou a sentir-se frustrada pois não estava com o corpo da blogueira do Instagram que treina 8 horas por dia… e ai começa a acreditar que não está perdendo peso tão rápido quanto deveria.
A cada dia que passa a Joana começa a perceber que outras mulheres estão fisicamente melhores do que ela e até as senhorinhas que utilizam a academia do prédio onde ela mora parecem estar fazendo mais progresso do que você.
Diversas atividades começam a aparecer como “prioridades” para Joana e, eventualmente, ela começa a perder os treinos. Além disso, volta e meia por não se sentir “motivada” ela começa a parar de frequentar a academia… inclusive começa a sentir um pouco envergonhada da não evolução.
Parece uma história que você conhece ou já ouviu falar?
Em todas as áreas da vida, das finanças ao romance, nossa capacidade de manter nossos objetivos geralmente se resume à psicologia – como gerenciamos humores, emoções, pensamentos e crenças difíceis. Afinal, são eles que ditam como será o nosso dia, do momento em que acordamos até o fechar os olhos para dormi a noite.
Na sequência apresento três das razões psicológicas mais comuns pelas quais não cumprimos nossos objetivos.
1. Metas baseadas em resultados
Seus objetivos quase sempre serão baseados em resultados até certo ponto…
Um atleta que sonha correr uma de maratona, por exemplo, quando começa o maior desafio dele é, certamente, chegar nos primeiros 5 km, evoluir para 10km e, sucessivamente treinar para chegar aos 42km… Agora, já imaginou se deste o primeiro dia ele ficasse frustrado por não conseguir correr os 42 km? Será que ele chegaria ao seu objetivo com essa mentalidade?
Isso acontece conosco também. Pensa comigo: Normalmente começamos a a comer de forma saudável não apenas porque gostamos de comer saudável (até porque as comidas “malvadas” tendem a ser as mais gostosas) mas porque isso nos levará ao resultado de baixar a pressão arterial, a perder peso, dar mais energia, etc. Neste caso você deixa de aproveitar o momento de se alimentar e fica focado nos “problemas” que existem.
Quer ver outro exemplo? Talvez temos como objetivo passar mais tempo de qualidade com a família. Lógico que gostamos de passar um tempo de qualidade com a família, mas, sem perceber que não é aquele tempo que trará o benefício, serão as diversas vezes que faremos isso que nos levará a resultados como relacionamentos mais felizes e menos estressantes ou um maior sentimento de intimidade e confiança.
Em outras palavras, deixe de ser bobo de pensar que as metas devem ser puramente orientadas para o resultado. Isso geralmente não é uma expectativa muito realista ou útil. Pense em como aproveitar o caminho e curtir o processo.
Dito isto, se você luta para manter seus objetivos, há uma boa chance de estar muito focado em resultados, o que pode acabar sendo bastante contraproducente a longo prazo.
Por exemplo:
Suponha que seu objetivo seja ficar menos estressado e ocupado em 2022 e cultivar uma sensação mais profunda de relaxamento e calma.
Se você está constantemente pensando no resultado – sendo super calmo e relaxado – você inevitavelmente verá e sentirá a discrepância entre onde você está (estressado e ansioso) e onde você acha que deveria estar (calmo e relaxado) . E isso vai ser doloroso e desanimador.
Se esse desânimo de não atingir seu objetivo (porque você continua pensando em seu objetivo) durar o suficiente, é muito provável que leve a desistir ou a autossabotagem.
Por mais que pareça incoerente, estar muito focado no objetivo ou resultado final pode impedir que seja alcançado este objetivo.
Por outro lado, você pode adotar uma abordagem mais orientada ao processo para seus objetivos:
Mesmo que seu objetivo principal seja ficar menos estressado e mais relaxado este ano, você pode dividir esse objetivo em rotinas ou hábitos menores e mais regulares, conhecidos como MilesStones.
Quero me tornar um cara mais calmo…comece com uma rotina de meditar por 10 minutos todas as manhãs. Ou se quer fazer exercícios, inicie com uma caminhada de 20 minutos todos os dias no almoço. Seja honesto: você não consegue fazer isso?
Como essas rotinas diárias são muito menores e mais factíveis, é muito mais provável que você se sinta encorajado por elas, o que acabará aumentando sua motivação em vez de esvaziá-lo. O tempo todo, essas rotinas menores ainda o estão levando em direção ao seu objetivo final.
Quando se trata de Objetivos, eu gosto de ter uma abordagem de “definir e esquecer”…
Estabeleça o que você quer como seu objetivo, depois esqueça (deixe-o separado, obvio) e mantenha seu foco nas pequenas rotinas ou hábitos que, quando feitos de forma consistente, o levarão ao seu objetivo eventualmente.
Como disse Ursula Kroeber Le Guin:
“É bom ter um fim para o qual caminhar; mas é a jornada que importa, no final.”
2. Perfeccionismo
O perfeccionismo é uma coisa particularmente perigosa quando se trata de objetivos porque – como pensar em resultados – muitas vezes parece produtivo, apesar de ser destrutivo.
Aqui está um exemplo:
Digamos que eu esteja super motivado para começar e manter seu objetivo de colocar um jardim no quintal de nossa casa. Comprei um monte de revista da Casa e Jardim e estou cheio de ideias. Fiz um monte de pesquisas e praticamente já defini como quero que seja o nosso jardim.
Mas quando começo a trabalhar nisso, as coisas não funcionam exatamente como eu esperava…
Aconteceu que as Palmeiras não ficaram tão bonitos quanto no Pinterest. Poxa, fiz exatamente o que tinha que ser feito mas não ficou com eu queria…
Fiquei pensando naquelas palmeiras e como o espaçamento entre as tábuas do deck ficaram largas. Ou como a prancha na parte de trás se partiu um pouco quando você colocou o parafuso final.
A mesma coisa aconteceu quando tentei adicionar s nova irrigação e comprar as outras plantas.
Simplesmente não ficou de acordo com o que eu tinha imaginado. E, como resultado, meu jardim constantemente desencadeava pensamentos negativos e emoções desencorajadoras pois eu estava frustrado com tudo aquilo
Com o tempo percebi que esses pensamentos e emoções desanimadores mataram minha motivação e o jardim ficou pela metade por um bom tempo.
Isso comprova que o perfeccionismo não tem nada a ver com desempenho, e tudo a ver com sentimento.
Tolice da minha parte acreditar que eu, um marinheiro de primeira viagem, conseguiria fazer um jardim tão lindo quando o feito por um profissional do Pinterest.
E ainda assim… eu acreditava que eu poderia sim. E quando os outros fazem algo que você não gosta, você critica o trabalho dos outros por algo que você sente.
O problema com o perfeccionismo não são os altos padrões; é a intolerância de sentimentos difíceis.
Perfeccionistas frequentemente ficam desencorajados e desistem de metas de longo prazo porque não estão dispostos a tolerar se sentir menos do que perfeitos. Os perfeccionistas sofrem muito para realizar suas coisas.
A solução é seguir em frente e manter seus altos padrões de desempenho, mas afrouxar seus padrões de como você deve se sentir quando não tiver um desempenho exatamente como queria. Percebe que autoconhecimento é fundamental?
Não há problema em construir jardins “mais ou menos” em sua primeira tentativa. E não há problema em se sentir um pouco decepcionado com isso. Mas se você quiser manter seu objetivo de ter um jardim incrível até o final do ano, você deve evitar julgar como está se sentindo.
Se você insistir em se sentir perfeito para trabalhar em direção aos seus objetivos, é muito provável que não os alcance.
“Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai atingí-la”. Salvador Dali
3. Será que você está perseguindo os objetivos de outra pessoa?
Alguns meses atrás, eu estava no parque com meus filhos. E eu ouvi alguns outros pais ao meu lado falando sobre seus próximos planos para as atividades de seus filhos no próximo ano…
• Aulas de natação todas as terças e quintas-feiras
• Futebol às segundas-feiras
• Aulas de inglês depois das aulas durante fevereiro e março
• Escola de programação nos fins de semana depois do carnaval
• Aulas particulares para aprimorar matemática
E enquanto ouvia isso, comecei a me perguntar se eu e minha esposa deveríamos fazer todas essas coisas com os nossos filhos…
Joaquim tem 9 anos e o Jaime tem 4…precisam nadar bem (tenho 42 e não nado bem)
• Acho que eles gostariam de jogar futebol …
• Seria ótimo se os meninos fossem bilíngues! Talvez devêssemos começar a dar aulas de espanhol?
• Será que já não é hora de colocar, pelo menos o Joaquim, na aula de programação? Eu adoraria vê-lo tendo em aulas.
• Aulas particulares já? Isso é louco! Ou é…?
Em apenas alguns minutos, eu me encontrei fisicamente tenso e visivelmente ansioso com todas as coisas que esses outros pais estavam fazendo por seus filhos – e, por extensão, todas as coisas que eu não estava fazendo por meus filhos.
Mas então, felizmente, dei um passo para trás e me lembrei de algumas coisas…
- Claro, os meninos estão crescendo o suficiente para algumas das atividades. Inclusive alguns deles eles já fazem. Mas não há pressa. E certamente não precisamos fazer TODAS elas!
- Estou ficando nervoso por causa do medo… Tenho medo de estar perdendo alguma coisa por causa de todas essas coisas que estou ouvindo outros pais falarem. Mas, em geral, não quero que nossos objetivos como família sejam baseados no medo de perder.
- Mais importante ainda, há uma razão muito clara para que nossos filhos não estarem em muitas atividades: agora, a coisa mais importante para nós é que eles se concentrem no que realmente importa pra eles e passar um tempo de qualidade juntos para promovermos bons relacionamentos. Esse é o nosso objetivo mais importante. E para nós, queremos ter muito cuidado ao adicionar muitas atividades que possam interferir nesse objetivo.
É muito tentador começar a perseguir os objetivos de outras pessoas porque somos criaturas fundamentalmente sociais. E competitivos… sempre queremos que nosso filho seja melhor do que o do outro (e eles nem sabem o que é isso)
Infelizmente nossos objetivos tendem a ser influenciados pelos objetivos dos outros ou pior, para impressionar os outros. Senão, vejamos:
a) Dizemos que é importante que nossos filhos toquem pviolão. Mas é porque realmente acreditamos e queremos, ou porque outras famílias estão fazendo isso e temos medo de estar perdendo?
b) Você diz a si mesmo que deseja se tornar sócio de sua empresa. Mas isso é porque você realmente quer ser um sócio-gerente ou porque é o que todo mundo em sua profissão quer e deveria querer?
c) Você diz a si mesmo que quer começar a ler mais. Mas isso é porque você realmente gosta de ler ou tem uma razão clara para fazê-lo? Ou é porque todos nas mídias sociais estão falando sobre como leram 50 livros no ano passado ou toda a sabedoria atemporal que aprenderam lendo todos os dias?
Se você tiver dificuldade em manter um objetivo de longo prazo, vale a pena refletir sobre quem é esse objetivo e por que você deseja persegui-lo.
Você esclareceu os valores por trás desse objetivo?
Porque se você está perseguindo uma meta desafiadora pelas razões erradas, é provável que você não consiga alcançá-la ou fique infeliz durante a sua caminhada.
E fechando, gosto muito dessa frase que eu relaciono com improdutividade:
“Muitas pessoas gastam dinheiro que não tem, para comprar coisas que não precisam para impressionar pessoas que não gostam” Robert Quillen
– Lucas Burgis
Jaison Franzen