Artigo 07 – Você não precisa ter um dom especial para ser criativo, lições do bestseller “roube como um artista”, de Austin Kleon
Você não precisa ter um dom especial para ser criativo, lições do bestseller “roube como um artista”, de Austin Kleon
Há duas semanas, nesta coluna do Nidus Lab, compartilhei uma lista de 05 características e atitudes do chamado espírito empreendedor para se cultivar e ter mais assertividade na vida profissional e pessoal. A chamada era de que com elas você se tornaria um profissional melhor e mais completo.
Realmente acredito nisso e as características como iniciativa, disposição em assumir riscos e resolubilidade são altamente desejáveis e constituem diferenciais.
Neste texto irei abordar outra qualidade muito relevante e que está alinhada com o movimento de inovação, de novas ideias e melhoria de processos, a criatividade.
Inspirado no autor Austin Kleon e seu best seller “Roube como um artista”, apresento algumas chamadas e seus ensinamentos sobre criatividade, que muitos consideram um dom, talento ou aptidão com a qual já se nasce, mas na realidade pode e deve ser trabalhada, estimulada e até “roubada”, como sugere Kleon.
Nada é original
O livro parte de um pressuposto de que nada é totalmente original e que todo trabalho criativo é construído e inspirado em algo que já veio antes. Isso pode parecer triste e deprimente no primeiro momento, mas traz a libertação da amarra de “ser completamente original” e de gastar muita energia na tentativa de construir algo do nada, para abraçar as influências e inspirações.
A sugestão é devorar conteúdos diversos, sejam filmes, textos, músicas, livros, conversas, sonhos, soluções e “roubá-los”. Mas não absorver qualquer referência, mas as que de fato lhe tocarem a alma, lhe despertarem algo. Ou seja, você vai pegar uma referência aqui, outra ali, outra acolá, juntá-las e criar o seu próprio trabalho.
Comece copiando
Kleon destaca que os seres humanos tem uma falha maravilhosa, que é a incapacidade de fazer uma cópia perfeita. E é nessa tentativa falha de copiarmos nossos heróis que descobrimos nosso estilo e evoluímos.
Todos nascemos sabendo nada. Desde cedo já aprendemos a copiar e seguimos assim por várias etapas da vida, desde a alfabetização, copiando o alfabeto, até nos aprendizados mais complexos, como ao aprender a tocar um instrumento ou pintar quadro, reproduzindo músicas dos outros e obras-primas.
A proposta é copiar as pessoas que você quer ser, que de fato te inspiram. E perceba que se fala em pessoas no plural e não no singular. A inspiração vem portanto de muita pesquisa e junção de ideias, se não é apenas plágio.
Guarde suas referências para mais tarde
Essa é uma dica realmente valiosa, Kleon sugere que você carregue um caderno e uma caneta para aonde quer que vá e nele anote seus pensamentos, observações, passagens de livros, ideias, conversas, rabiscos e qualquer coisas que você tenha “roubado”, para não se perder e poder usar mais tarde.
E nos tempos digitais, isso não precisa ser apenas um caderno, pode ser uma pasta no seu drive com printscreens, links, fotos, vídeos, ou seja, o que realmente te chamou a atenção e que poderá recorrer mais tarde em busca de inspiração.
Eu, por exemplo, tenho uma pasta chamada “baú de inspirações” e coloco tudo lá. Quando preciso buscar uma memória, me inspirar ou até sorrir de coisas bobas, dou uma visitada nos arquivos.
Ahhhh, mas lembre-se que esse caderno, pasta ou fichário tem o propósito de servir de inspiração. De pouco adianta você salvar um monte de coisas no botãozinho do “ver depois” e deixar essas coisas esquecidas quando mais precisar. Pense em algo usual e o use.
Não espere, faça!
Um dos capítulos do livro é “não espere saber quem você é para começar”, o que segundo o autor é muito relevante quando se fala de criatividade: Você está pronto, só precisa começar e dar o primeiro passo;
Em sua reflexão, relata que se estivesse esperado para saber quem era e o que queria fazer antes de começar a ser criativo, estaria ainda sentado tentando se entender, ao invés de estar produzindo. Destaca que é no ato de criar e de fazer o trabalho que descobrimos quem somos.
Sou um exemplo vivo disso, abracei uma coluna quinzenal sobre inovação, de um laboratório de inovação governamental, sem ter formação específica na área e com conhecimento limitado no assunto, mas estou aqui, cumprindo os prazos e oferecendo meu melhor de uma forma dinâmica e até lúdica. Se tivesse ficado esperando, refletindo e duvidando não teria aprendido e produzido nada até aqui.
Criatividade é subtração
Sabendo que as fontes de pesquisa e inspiração são infinitas, ainda mais em tempos de abundância e sobrecarga de informação, os que conseguem prosperar nos processos criativos são os que sabem subtrair, ou seja, deixar algumas coisas de fora e focar no que é importante.
Segundo o autor, nada é mais paralisante do que a ideia de possibilidades ilimitadas e a solução apontada para isso é a imposição de restrições – “Parece contraditório, mas quando o assunto é trabalho criativo, limitação é liberdade”. Ou seja, o trabalho criativo precisa de foco, limitações de escopo, material e tempo definido.
São essas algumas das reflexões contidas no livro “Roube como um Artista”, de Austin Kleon, que recomendo aos interessados em inovação, criação e criatividade. É uma leitura leve, rápida e com ensinamentos divertidos e importantes.
Fica o convite, além da leitura do livro, para que absorvam e “roubem” conteúdos de seu heróis, que os guardem em seu baú de inspirações e que comecem a produzir e criar mesmo com toda a insegurança de fazer algo novo, afinal, como destacado pelo autor, você está pronto (nem que seja para roubar).